IDEAC Instituto para o Desenvolvimento Educacional, Artístico e Científico


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Uma carta trocada entre a psicóloga Maria Celia de Abreu, coordenadora do Ideac, e sua amiga Euza Vilela sobre esses tempos de isolamento social, se transformou nesse vídeo lindo e sensível feito com tanto carinho pelo casal de atores Karin Roepke e Edson Celulari (direção).


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O Ideac quer homenagear todas as mães, não só as mães maduras, como é o foco do nosso interesse, mas todas as mulheres que receberam o dom da maternidade. E são muitas:

Há mães que criam e educam seus rebentos desde que são bebezinhos – mas há mães que não têm esse privilégio, mas continuam sendo mães;

Como os rebentos crescem, há mães de adultos – há até mães de outras mães… e todos dizem que os filhos dessas mães mais jovens recebem tanto ou mais amor por parte das mães delas;

Há mães e filhos que dividem o mesmo teto; há mães e filhos que moram perto; há mães e filhos que moram longe;

Há mães e filhos que se comunicam sempre, presencialmente ou via internet. Há mães que não se comunicam com filhos há tempos, mas continuam sendo mães;

Há filhos que só podem se comunicar com suas mães em oração, pois elas já cumpriram seu ciclo de vida na Terra, mas elas continuam sendo mães presentes;

Há mães cujos filhos seguem seus valores de vida; há mães cujos filhos têm pontos de vista sobre o mundo e a humanidade totalmente diferentes, mas elas continuam sendo suas mães.

Há mães que hoje, celebrarão a data ao lado de filhos, de netos. Há mães que hoje, por conta desses tempos difíceis, celebrarão sozinhas, mas com a certeza que de coração estarão todos juntos.

A todas, nossa homenagem muito especial.

 


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E da Caixa de Ideias saem lindas sugestões para o Dia das Mães

Sim, esse Dia das Mães vai ser bem diferente para as famílias, muitas separadas pelo isolamento social e pela necessidade de ficar em casa para garantir saúde e preservação de vidas. Mas nem por isso o Dia das Mães vai deixar de ser comemorado, e as ex-alunas do Curso de Memória e Criatividade do Ideac, coordenado pela professora e psicóloga Sônia Fuentes, prepararam algumas dicas especiais, práticas e bem fáceis de se fazer.

Elas escolheram o nome Caixa de Ideias e diariamente trazem sugestões para a família na quarentena. Adriana Coube, Aldeci de Oliveira, Dulce Azevedo, Francine Forte, Sônia Fuentes e Vera Oyama apresentam uma série de atividades e desafios que podem aumentar não só a criatividade, mas proporcionar momentos lúdicos a quem enfrenta essa quarentena só ou com a família.

“O grupo está muito entusiasmado e a cada dia surgem novas ideias para trabalhar a memória criativa, os sentidos e as emoções. E, além de tudo, essas ações trazem endorfina para alegrar nossos dias”, diz Sonia.

Para o Dia das Mães, o grupo montou um pacote especial:

Criar Mandalas

Atividade intergeracional unindo mães, filhos e netos presencialmente ou à distância, com a vantagem de ativar a criatividade e a memória visual. Preparar o ambiente com uma música relaxante (como sugestão, a trilha do filme “Amélie Poulin”. Depois, basta separar folhas de papel A4 e cartolina. Desenhar com o auxilio de um prato e/ou um pires um círculo no centro da folha. Pedir para que a pessoa faça um desenho livre dentro desse círculo, usando as cores e as formas que bem desejar. Pode ser feita uma mandala coletiva. O bom é que a criação de uma mandala traz harmonia e paz.

Serenata online

Música em casa está em alta na quarentena. Filhos e netos podem preparar uma apresentação linda para as mamães ou vovós, ativando a memória auditiva e afetiva. Se for surpresa, melhor ainda. Para isso reunir as pessoas em um aplicativo virtual no horário marcado e escolher as músicas preferidas. Se ninguém da família quiser se arriscar, vale contratar um grupo e/ou vocalista que toque via live – para cantar a musica especial para sua mãe. Assim, também é uma forma para ajudar um profissional autônomo em época de pandemia.

Fotos e retratos – Modelos virtuais

Quem resiste a uma foto antiga? Aqui a proposta é ativar a memória visual, a memória afetiva e as emoções. Selecionar adornos e lembranças familiares, roupas e adereços que a mãe ou avó gostam e recriar as imagens, fotografando e comparando as fotos. Quando um filho ou neto recria sua imagem com o adorno que agrada seu ente querido você provoca um bem-estar imediato e momentos lúdicos.

Galeria de fotos familiares

O objetivo da atividade em família é trabalhar também a memória afetiva e visual, usando fotos de família. Separar fotos significativas. Depois, construir uma galeria de fotos em casa, colocar nas paredes, num varal ou – de netos, filhos para a mamãe (em família). Se estiverem longe, fotografar, filmar ou mostrar em um encontro virtual.  Quando a família relembra momentos fotográficos, geralmente consegue reviver momentos especiais e memorias, dando significado às suas vidas.


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foto Jader Andrade

Como está sendo esse período de isolamento para você? A psicóloga Maria Celia de Abreu, coordenadora do Ideac e autora de “Velhice – uma nova paisagem (Ed. Ágora) respondeu em carta para sua amiga Euza Vilela, que publicamos a seguir. São dicas pessoais excelentes para esse momento em que vivemos.

Cara Euza,

Como nós duas fazemos parte do grupo de risco, pelos nossos mais de setenta anos, fiquei curiosa por saber como você está atravessando estes tempos de pandemia. Começamos em março de 2020, e não sabemos quando terminaremos… Depois me conte quais suas reflexões, seus sentimentos e suas ações, sim? Deixe-me falar um pouco da minha vida atual. Eu estou bem, dentro do possível.

Será que, como eu, você fica feliz por ter escolhido a profissão de psicóloga, há cerca de cinquenta anos atrás? Ela nos levou a observar, conhecer, refletir sobre pessoas, sentimentos, valores, projetos de vida, possibilidades de adaptação e aprendizagem – habilidades que o isolamento social exige. Eu, que em especial me interesso pela psicologia do envelhecimento, já tive oportunidades de ter contato com temas difíceis, como o valor do velho na sociedade, a finitude da vida, as perdas… o que me deixou melhor preparada para pensar nesses assuntos que acabam vindo à tona por conta da situação criada pelo coronavirus.

Estamos tendo a oportunidade de colocar na prática de nossa própria vida tudo o que já estudamos… e não é fácil! Estou encarando como um desafio. Que pode ser difícil, mas não impossível, e vence-lo traz aquele sabor delicioso de tarefa cumprida, que é inigualável… Concorda comigo, Euza? Não gosto de ser vítima: prefiro ser a principal autora da história da minha vida!

Em vez de pensar no que estou perdendo, penso no lado do desafio e da conquista.

Claro que o isolamento social me trouxe perdas. Perdas geram luto. O meu luto evoluiu depressinha… já passei por fases de negação (que exagero, não vou mudar minha vida da noite para o dia, não há condição de eu abrir mão do que faço etc etc etc) e de revolta (que injustiça, eu vivo tão direitinho, com tanta consciência do outro e da ecologia, e agora tenho que pagar pelo que os outros fizeram, ser velho é ser o pior da humanidade, etc etc etc); não reconheci em mim a negociação com uma entidade superior, acho que pulei essa fase; logo entrei na aceitação (já que essa é a realidade agora, e nada posso fazer para modifica-la, vamos ver como posso atravessá-la da melhor maneira possível!).

Uma ideia me ajudou a evoluir para a aceitação: li em algum lugar que a quarentena não é um aprisionamento. Eu não estou presa! Se quiser, saio para a rua, e faço tudo o que não se recomenda. Porém, eu fiz uma escolha, exercendo minha liberdade. Estou cumprindo a quarentena porque assim estou me protegendo de uma doença sofrida e provavelmente mortal (grupo de risco), e protegendo outros de serem contaminados por mim, caso eu seja portadora do coronavírus. O comportamento final é o mesmo, mas a diferença entre fazer uma escolha ou ser constrangida, pelo menos para mim, é muito significativa!

Exercendo nossa profissão, comprovamos a profunda interdependência que existe entre o corpo e o psiquismo. Isso me leva a cuidar da minha saúde física com empenho, porque pretendo manter minha saúde psíquica em nível excelente.

Presto atenção em fazer exercícios de respiração diários, porque se o corona vírus me atacar, quero ter os pulmões em muito bom estado. Na sequência, faço alongamento e uma musculação leve. Quando termino, sou tomada por uma deliciosa sensação de prazer e de energia! Nos intervalos das tarefas domésticas, faço umas dancinhas… sou desajeitada, erro os passos, e acabo dando risada sozinha e levantando o meu astral. Se nunca fez isso, Euza, vença um natural sentimento de ser ridícula, e faça, que vale a pena!…

Durante as tarefas domésticas, presto muita atenção nos movimentos e nas posturas, para proteger a coluna, alongar, gastar calorias, em suma, procuro sempre prestar atenção nos meus gestos, em vez de me comportar mecanicamente, no automático.

Essa preocupação com a consciência corporal não substitui a meditação. Esta é uma prática importantíssima. A neurociência vem apontando suas inúmeras vantagens e benefícios.

Falei em tarefas domésticas. Está aí um belo aprendizado! Elas me conduzem a ser disciplinada, organizada, eficiente: habilidades que transfiro para qualquer outra área da vida, me trazendo benefícios. Elas me treinam a ter foco, a prestar atenção; melhoram minha memória: que coisa boa! Provocam infindáveis reflexões sobre o papel da mulher na sociedade, sobre a importância do que aprendi de minha mãe durante a minha infância, sobre a valorização do empregado pelo empregador: contesto meus valores, minhas crenças e provavelmente sairei deste período mais evoluída e mais forte.  Para exercer as tarefas domésticas com mais eficiência, pesquiso no Google, telefono para outras donas de casa, e peço instruções para minha funcionária, que está isolada na casa dela, mas atende telefone e WhatsApp: aumento meu repertório de respostas e conhecimentos, e passo por um belo aprendizado de humildade e de inserção na realidade. Vou pra cama de noite fisicamente cansada, mas alegremente realizada.

Tenho me empenhado em limpar, arrumar, organizar: na medida em que mexo em papelada, documentos, livros, fotografias, souvenirs, louças, panelas, roupas de cama e banho, roupas e sapatos de uso pessoal etc, minha casa vai ficando mais agradável, melhor de se viver dentro dela. Eu mesma, no meu psiquismo, por uma mágica correspondência entre mundo externo e mundo interno, também vou ficando mais leve, mais livre, mais agradável. De quebra, os internos do Lar São Vicente de Paulo, de Tatuí, para onde sempre encaminho doações, vão receber as coisas que estão em bom estado para serem usadas por eles ou postas à venda no brechó e que estou separando aos poucos.

Como cozinho pessoalmente tudo o que meu marido e eu (os dois isolados habitantes de nosso apartamento hoje) comemos, tenho aperfeiçoado meus talentos culinários. Resgatei do fundo do baú velhas receitas, com todas as boas lembranças que elas trazem. Relembro e procuro colocar em prática informações que me vieram de nutrólogos e nutricionistas, para elaborar um cardápio equilibrado, conciliando saúde do corpo e prazer gastronômico. Unir o útil e o belo. Quanto criatividade isso me exige! É cansativo, faço erros e me frustro, mas no balanço final é compensador.

Já que a situação favorece uma jornada para dentro de mim, embarquei ativamente nessa proposta! Ela só pode me tornar uma pessoa mais plena, mais consciente de mim mesma, mais espiritualizada, mais coerente. Difícil? Novo? Ora, um desafio!

Por causa disso, procuro não gastar meu tempo com internet, celular, computador, televisão e outras fontes de informação superficial, que não levam a nada. Seleciono o que de fato é importante e o que é confiável, e não me disperso em informações repetitivas ou não confiáveis. Dou meus escorregões… mas mantenho o foco! Como diz a música: levanto, sacudo a poeira e dou a volta por cima. Vou aprendendo a discriminar o que para mim é supérfluo do que é de fato fundamental!

Desse jeito, vou liberando tempo psicológico para refletir sobre minhas experiências passadas, refazer mentalmente a trajetória da minha vida (sei de pessoas que estão literalmente escrevendo suas autobiografias), as muitas paisagens que percorri, me perdoar por erros, identificar se repito padrões de comportamento negativos dos quais é bom que me livre… e por aí afora. Uma quarentena inesperada pode gerar crescimento, ora se pode!

Pode parecer paradoxal, mas essa jornada interior inclui desfocar de minhas dores, penas, injustiças, do que me está faltando, e focar no seguinte: há pessoas em situação mais difícil que a minha. Identificá-las e as suas carências, refletir sobre o que tenho e que posso oferecer a elas, descobrir se elas estão dispostas a receber, e agir… está aí um movimento que faz um enorme bem (para mim e para outros). Um cérebro ocupado com tais assuntos não tem espaço para se autocompadecer, se desesperar, se deprimir. Ao compartilhar, doar, sem esperar elogios nem recompensas, percebo que pertenço a uma espécie viva (a espécie humana), e que entre seus componentes a ajuda mútua é imprescindível. Dentro desse esquema, tenho valor, minha presença no mundo tem um significado. Posso estar em isolamento social, posso viver sozinha, posso ser velha, mas faço parte, pertenço, influencio, cuido, protejo.

Talvez eu pudesse resumir o que estou aprendendo em poucas sugestões: aproveite a quarentena se adaptando a essa nova paisagem, seja flexível, aprenda, cuide do corpo, cuide do psiquismo, medite, cuide dos outros, mantenha o bom humor, cante, dance e dê risada, produza, tenha disciplina, seja muito mais ativa do que passiva,  busque insistentemente pequenos prazeres ao longo do dia, contribua para a saúde da humanidade, tenha planos para quando essa fase terminar, empenhe-se para sair dela uma pessoa melhor do que quando começou…  só que, mesmo sendo paulistana, não adquiri a pressa e a eficácia típicos da minha querida São Paulo… não sou rápida, sou lenta… não sou sintética, sou prolixa… portanto, o resultado foi uma carta bem longa!

E você, Euza? Agora eu que gostaria de saber: como é que você, aí em sua querida São José do Rio Preto, está atravessando esse período de pandemia?

Com um abraço, que por ser virtual não é menos carinhoso,

Maria Celia


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Maria Celia de Abreu (*)

As comemorações do Dia da Mulher me levaram a ficar pensando sob o foco de interesse do Ideac: o velho. Quem tem hoje 60, 70, 80, 90 ou 100 anos nasceu entre 1930 – ou seja, entre as duas Grandes Guerras Mundiais – e 1960. Quanta mudança no mundo nessas quatro décadas!

Observando essas gerações de mulheres, meus sentimentos são de admiração e de respeito. E de gratidão. (E de orgulho, uma vez que me incluo nesse grupo…). Pelo muito que tiveram que batalhar para modificar princípios e costumes que não eram justos para as mulheres; e se esforçar e ser flexíveis para assimilar as descobertas da ciência e da tecnologia que foram surgindo em ritmo aceleradíssimo.

São mulheres que conheceram o telefone fixo, quem sabe até o sistema mais antigo operado através da telefonista, e hoje usam o celular. Conheceram a bandeja de gelatina, o mimeógrafo a álcool e a tinta, as máquinas de escrever manuais e elétricas, o fax, e hoje são capazes de reproduzir um texto via internet, usando um computador. Mais que isso: fazem compras online e são ativas nas redes sociais. As mais velhas talvez ainda saibam como cozinhar com lenha ou carvão, só que hoje usam o micro-ondas. Quando nasceram, usava-se um tipo de tecnologia, que elas aprenderam a dominar; só que depois tiveram que substituir esse aprendizado por outro, mais complicado… e o fizeram!

Nisso, não foram diferentes dos homens. Porém, outras conquistas foram só delas, e como foram difíceis! Algumas aparentemente mais superficiais: ter o direito de dirigir, com a consequente liberdade e facilidade que isso acarreta, sem ser obrigada a enfrentar motoristas agressivos e desrespeitosos. (Um parênteses para um testemunho pessoal: nos anos 40, minha mãe aprendeu a dirigir, tinha prazer nisso e era uma motorista excelente – mas cruzava com homens que não aceitavam uma mulher ao volante e se manifestavam cortando, recusando a preferencial, gritando a troco de nada “vai pilotar o fogão, dona maria” e comportamentos semelhantes…). Ter a liberdade de escolher um maiô ou um biquíni para ir à praia ou à piscina. Ter a liberdade de usar calças compridas!

Só que não foram conquistas superficiais. Elas fazem parte de uma visão muito ampla e profunda do valor e do papel da mulher na sociedade. Essas mulheres que hoje têm entre sessenta e cem anos lutaram com muita força, coragem e persistência, sofreram muitas retaliações e abriram caminho para que hoje a mulher possa sair sozinha, viajar, ir ao cinema, entrar num restaurante; estudar numa faculdade e não se limitar ao curso Normal, de secretariado, de decoração e  semelhantes; trabalhar e ser remunerada por isso; exercer profissões que lhe sejam convenientes e que antes eram impensáveis para uma mulher; assumir posições de mando; abrir uma conta bancária, gerir as próprias finanças.

Não é pequena a conquista de poder escolher o próprio cônjuge; de pedir o divórcio para uma relação que não está sendo boa para ela; de poder se casar novamente depois de se ter divorciado! Foram as mulheres que hoje estão na fase de vida da velhice que abriram caminho para que uma jovem tenha liberdade de decidir se quer ser mãe ou não, se quer ser mãe cedo ou tardiamente, até se quer ter filhos!  E assumir tais decisões sem passar para uma categoria de pária na sociedade.

Sem o inconformismo da mulher que hoje tem mais de sessenta anos, uma jovem do século XXI sequer poderia expressar alto e bom som, e não ser punida e depreciada, por exemplo que detesta serviços domésticos: ela não tinha possibilidade de escolha.

As conquistas são inúmeras; as citações acima são alguns poucos exemplos. As batalhas foram vencidas com inteligência, coragem, teimosia, idealismo, exageros necessários, ajuda mútua; a luta ainda não terminou e as jovens de hoje estão engajadas nela, só que já nasceram e cresceram numa sociedade mais justa do que suas mães e avós. Não há como não admirar e respeitar e ser grato às mulheres velhas!

(*) Maria Celia de Abreu é psicóloga, coordenadora do Ideac e autora de “Velhice – Uma nova paisagem” (Ed. Agora)

 


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 Há muitos preconceitos rondando o envelhecer. A psicóloga Maria Celia de Abreu, coordenadora do Ideac, diz que a maior parte das ideias não corresponde aos fatos: “Há muitos preconceitos errôneos colocando o velho para baixo.

Eu gosto de dizer que eu sou velha. E quando eu digo me enxerguem como uma velha eu sei que na cabeça e no coração começam uma série de julgamentos negativos por conta dos pensamentos que temos a respeito do velho. Os velhos estão aumentando e a expectativa de vida também. É preciso pensar o que vamos fazer com todo esse tempo de vida”.

Para ela, o problema maior é que o próprio velho tem preconceito contra o velho. “Isso não é engraçado, isso é triste. Por exemplo, o velho diz que não vai namorar ou viajar sozinho porque é velho, mesmo que tenha as condições físicas, emocionais, cognitivas. Vai, vive, vai no que de melhor a vida pode trazer, não deixe de fazer as coisas, sempre com bom senso. O corpo sofre com o passar dos anos, é onde esse passar se mostra com mais vivacidade, mas isso não quer dizer doença. Velhice é uma coisa, doença é outra. Criança e jovens também ficam doentes. Claro que a probabilidade de ter mais doenças aumenta com a idade.

O psicanalista norte-americano James Hilman diz que a principal patologia da velhice é a nossa ideia da velhice. Portanto, mude sua ideia e viva a velhice com sabedoria, dignidade e sem medo. Cuide do corpo, do espírito, das relações sociais e faça da sua velhice uma boa velhice”, complementa Maria Celia.


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A cada segundo, duas pessoas ficam idosas no mundo, segundo a ONU, e o idoso, normalmente de uma forma natural, tem o declínio da imunidade fisiológica. Nessa população aumenta a prevalência das doenças infecciosas, inclusive o coronavírus, como explica a geriatra Maísa Kairalla, Presidente da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, que falou sobre  estas questões com exclusividade ao Ideac.

Segundo dados divulgados pelo Comitê Nacional de Saúde da República Popular da China (de acordo com o G1), a idade média das vítimas é de 75 anos e a maioria das vítimas tinha problemas de saúde anteriores, como cirrose hepática, hipertensão, diabetes e doença de Parkinson.

Se as pesquisas apontam a maior vulnerabilidade e complicações com mortalidade entre os idosos, a geriatra explica que as causas não são diferentes de outras doenças. “O envelhecimento natural do organismo dos idosos os deixam mais vulneráveis a doenças infecciosas, entre elas a do coronavírus. Claro que varia de pessoa para pessoa, mas de maneira geral os pacientes mais doentes são os que mais sofrem, como os diabéticos, os que têm doenças cardíacas crônicas, os pacientes com doenças pulmonares e os pacientes tabagistas, esses últimos por terem o pulmão como um órgão mais susceptível à pneumonia de modo geral”.

As medidas preventivas indicadas pela médica incluem cuidar muito bem da saúde, se manter hidratado e evitar locais fechados. “É um vírus altamente contagioso e rápido. Quando se fala de uma epidemia, a mortalidade é sempre maior nos extremos, que são as crianças e os idosos. Por isso que continuamos recomendando sempre a vacinação contra o vírus Influenza, da gripe, para proteção dos idosos, que é gratuita no Brasil”, ela conclui.

E como não existe vacina contra os coronavírus, para reduzir a chance de contaminação a Anvisa recomenda evitar o contato com pessoas doentes, lavar com regularidade as mãos por pelo menos 20 segundos, utilizando água e sabão, e evitar tocar nos olhos, no nariz e na boca.

 

 


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Maria Luiza Monteiro e Maria Alice Paulino fizeram o Curso de Aperfeiçoamento em Leitura e Escrita do Ideac, com a professora Maria Angélica Durães Mendes de Almeida, e ficaram muito felizes com os resultados. A proposta, um sonho da coordenadora do Ideac, a psicóloga Maria Celia de Abreu, foi abrir espaço para que pessoas com mais de 50 anos pudessem melhorar suas práticas.

A base do trabalho de Angélica segue o pensamento de Paulo Freire sobre a educação ser acessível às camadas populares e promover sua integração, inserção e reconhecimento social. “Todo o processo de ensino-aprendizagem parte do aluno: os temas mais significativos de sua vida, seu universo vocabular e o contexto em que vive. O mais importante é o aluno se sentir capaz. É ter o reconhecimento de que os saberes que ele já possui são considerados e validados pelo educador. E ter vontade de ampliar os horizontes e de participar de modo mais efetivo na sociedade letrada”, diz.

Na foto, estão Cleide Martins, coordenadora dos cursos do Ideac, a professora, as alunas Maria Alice e Maria Luiza e Maria Celia de Abreu.

 

 


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Envelhecimento da população desenha uma nova geopolítica e explica os conflitos atuais no planeta. Nesta obra, da 106 Editora, o autor revela a dinâmica demográfica, inédita na história do capitalismo, que está construindo uma nova geopolítica. O envelhecimento populacional está ligado a eventos como a guerra comercial entre Estados Unidos e China, os conflitos nas ruas do Chile, a desigualdade social crescente em quase todo o planeta, o fluxo migratório global, a desindustrialização brasileira, as mudanças climáticas e a chamada 4ª revolução industrial.

Segundo o autor, o que está em discussão não é o fato de o Brasil envelhecer antes de ficar rico, como sempre é exaustivamente repetido no debate público, mas sim, em qual economia os países ricos envelheceram e em qual economia os países pobres estão envelhecendo. A concorrência global se transforma, para Félix, em uma “corrida populacional”, assim como o mundo assistiu, no passado, as corridas do ouro ou a armamentista. Agora, pela primeira vez na história, está em disputa “quem vai pagar pelo envelhecimento de quem” e a economia e a política sofrem esses efeitos perenes da demografia. De acordo com Félix, a corrida populacional é uma das ameaças contemporâneas para a democracia.

Doutor em Ciências Sociais, professor de Economia no curso de Gerontologia da Universidade de São Paulo (Escola de Artes, Ciências e Humanidades), e comentarista de longevidade no Bem-Estar, na Rede Globo, Félix é um dos palestrantes mais atuantes na área do envelhecimento e sempre presente nas discussões sobre o tema na mídia nacional. Uma de suas principais críticas é ao modelo de privatização da previdência do Chile, sobre o qual tem muitos artigos publicados e conferiu palestras em eventos sempre alertando para o que hoje está sendo verificado: o risco de convulsão social naquele país. “O Chile foi um fracasso anunciado. Muitos no mundo acreditaram que o caminho escolhido por Pinochet levaria o país à vitória na corrida populacional, mas agora deve ficar bem atrás e perder espaço na geopolítica do envelhecimento”, diz o autor. O caso do Chile também é abordado no livro.

Ficha técnica: Economia da Longevidade – o envelhecimento populacional muito além da previdência
Editora: 106 Editora – Ideias
Autor: Jorge Félix
Gênero: Ensaio
Preço: R$ 39,90
ISBN: 9786580905034
Edição: 1ª edição, 2019
Idioma: Português
Peso: 0,232
Número de páginas: 190


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Nesta segunda é celebrado o Dia Internacional de Combate à Violência contra a mulher, data instituída pela ONU em 1999. A data foi escolhida para homenagear as irmãs Pátria, Maria Teresa e Minerva Maribal que foram torturadas e assassinadas nesta mesma data, em 1960, a mando do ditador da República Dominicana, Rafael Trujillo. As irmãs dominicanas eram conhecidas por “Las Mariposas” e lutavam por soluções para problemas sociais. Em Brasília, a data será lembrada no Senado e a Esplanada dos Ministérios vai recebe cruzes em homenagem àquelas que morreram em casos de feminicídio.

Os números de violência contra a mulher têm crescido e as mulheres mais velhas, um grupo populacional em expansão no Brasil, também sofrem agressões físicas e psicológicas, embora as pautas estejam focadas geralmente nas mulheres jovens. A mulher velha é mais discriminada do que o homem no mercado de trabalho e os números mostram que na faixa etária de 60+ há um grande número de mulheres que sustentam a casa.

Nos dados gerais, de acordo com a Agência Brasil, o Disque 100 registrou um aumento de 13% no número de denúncias sobre violência contra idosos, em relação ao ano anterior. O serviço de atendimento recebeu 37.454 notificações, sendo que a maioria das agressões foi cometida nas residências das vítimas (85,6%), por filhos (52,9%) e netos (7,8%)

A psicóloga Maria Celia de Abreu, coordenadora do Ideac e autora do livro “Velhice, uma nova paisagem” (Ed. Summus), afirma que o velho em geral, e não só as mulheres velhas, não precisam ser uma vítima passiva. Ao contrário, pode tomar para si a tarefa de educar os seus próximos. Com firmeza, paciência e tenacidade, e não com gritos, agressividade, irritação, ironia ou maldades, como cabe a um educador. “Com atitudes corretas o velho vai acabar conseguindo bons resultados. Cada pessoa decide o que o incomoda, o que ele considera falta de respeito, e isso pode ser modificado em situações em que a expressão do respeito pode ser melhorada, e o idoso deve aproveitá-las”.

Ao expor seu modo de pensar, dizer o que o incomoda, explicar como o outro pode fazer e expressar com clareza como se sente, o velho vai ensinando aos seus próximos como podem ser carinhosos e atenciosos sem deixar de serem respeitosos. Como todo educador, o velho também vai ter que se repetir, sem desistir nem perder a paciência, pois às vezes as pessoas demoram a aprender, e podem ter retrocessos. “Quem não se considera um cidadão de segunda categoria adota a postura saudável de batalhar para se fazer respeitar, ao invés de cair na armadilha, sem objetivo, de ser passivo, engolir o sapo ou exercer pequenas vinganças.”