IDEAC Instituto para o Desenvolvimento Educacional, Artístico e Científico


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A fé pode ser uma forte aliada durante a luta contra o câncer. Esse é o tema do livro Espiritualidade e Oncologias – Conceitos e Prática, que propõe a abordagem da doença e das condições terminais em que o paciente se encontra, por meio da espiritualidade, da tríade humana (corpo, aparelho psíquico e espírito) e de uma visão mais profunda da dor.

Lançado pela Atheneu, a obra tem edição do oncologista clínico Felipe Moraes Toledo Pereira, médico assistente na Unidade de Terapia Intensiva da Escola Paulista de Medicina, e dos editores associados, Diego de Araújo Toloi, médico assistente de cancerologia clínica no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Paulo Antônio da Silva Andrade, psicólogo do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, e Tiago Pugliese Branco, médico geriatra pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Para falar sobre o tema, o oncologista Felipe Moraes Toledo Pereira deu uma entrevista exclusiva para as redes sociais do Ideac. Confira:

Não é comum médicos falarem de espiritualidade, como surgiu a ideia do livro?

Surgiu exatamente da necessidade de ter em português alguma literatura que pudesse ajudar colegas médicos, enfermeiros e outros membros de equipe com texto que os ajudasse de maneira didática a começar a refletir sobre inserção da espiritualidade no contexto do atendimento ao paciente.  O tema foi debatido no I Simpósio de Espiritualidade e Oncologia do Instituto do Câncer, e nós coordenamos um evento pioneiro com diversos palestrantes que depois colocaram por escrito essa experiência. Foram aulas brilhantes e conseguimos documentar. Todas essas reflexões fazem parte desse livro. Foram três anos de trabalho, mas estamos felizes com o retorno, com a receptividade dos profissionais de saúde e pacientes.

Qual é o objetivo maior do livro?

Esse livro se volta especificamente para um público que lida com pacientes mais graves da existência humana e do sofrimento. O livro vem tirar os grupos de estudos de espiritualidade da orfandade, veio suprir essa lacuna. Tenho visto nas palestras uma aceitação muito grande pelo tema

Como vê a questão da espiritualidade para os doentes?

A espiritualidade ela é um componente de todos os seres humanos, todos temos uma busca inata pelo sentido e propósito da vida, mas cada um vai buscar valores diferentes de transcendência. Quando essa busca se conecta com transcendência, falamos de espiritualidade. Essa busca pode ter ou não influencia religiosa. Quando o ser humano adoece, diante de uma doença grave, muitas vezes se questiona sobre a morte, sobre planos frustrados, sobre Deus, sobre a própria existência. Essas reflexões geram sofrimento espiritual. E cuidar desse sofrimento é tentar facilitar a assistência religiosa, facilitar essa conversa. Investir nesse tema geralmente traz bons resultados, menos ansiedade, menos depressão, menos sofrimento.

Como a fé pode ajudar? Ela está incluída nos cuidados paliativos?

O cuidado paliativo busca tratar com perfeição os sintomas do paciente de maneira a diminuir o sofrimento. Como esses profissionais sempre tiveram um olhar mais integrado, quem faz cuidado paliativo tem um viés mais amplo para ajudar, é um espaço privilegiado para o desenvolvimento da espiritualidade. Muitos colegas dessa área ajudam. O geriatra, de maneira geral, reflete mais sobre o envelhecimento e volta o seu olhar para temas relacionados à existência.

Acha que esse olhar dos médicos para a espiritualidade está mudando?

Acredito que sim. No livro, tentamos apresentar uma série de evidências científicas dos casos que temos disponíveis. Mas há muitas citações de literatura e de autores que já trabalharam na área. Há um capítulo especial de pesquisa científica na área da espiritualidade. Por isso tenho certeza que esse olhar está mudando. Em novembro teremos o II Simpósio de Espiritualidade e Oncologia, dias 8 e 9, no Hospital do Câncer, que está aberto a todos os interessados. E o interesse vem aumentando, felizmente.


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A arte de celebrar a vida – reflexões sobre a morte

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Por Sonia Fuentes

A vida é breve … “A vida é breve … e precisa de valor, sentido e significado. E a morte é um excelente motivo para buscar um novo olhar para a vida”. (Ana Claudia Quintana Arantes, 2016) Esse parágrafo me basta! Penso que, me representa e me alimenta atualmente. Já o havia introjetado amigavelmente em minha rotina desde os encontros e infinitas conversas dentro de nosso grupo de estudos sobre o envelhecimento no IDEAC. Entretanto, logo, no primeiro encontro com a fala de Ana Cláudia, um coro bonito de músicas clássicas tocaram Vivaldi dentro de meu peito, acompanhando as batidas de meu coração. A sensação ao tocar no tema morte tendo como pano de fundo o acolhimento e cuidados paliativos regidos por essa jovem medica ressoou como um misto confuso de alegria e despedida, tédio, tristeza e por fim, resiliência. Toca fundo, o fato de que, a vida esta pulsando, grande majestosa e por vezes, a desperdiçamos… Não podemos! Algo forte ecoa da fala morna de Ana. Ela tem sim uma fala morna, calma, tranquila e ao mesmo tempo, mostra-se forte e determinada. Uma pessoa que abraça a morte do outro com carinho, ou parece bem acolher. O tipo de companhia que qualquer um desejaria ter ao lado nos últimos minutos macabros do adeus final. O mesmo carinho e atenção que parece que a despertaram aos 5 anos de idade, quando experienciou a doença de sua avó sendo acolhida pelo medico grisalho da família de índole acalmador. Esse carinho e gesto acolhedor desse médico tornaram-se padrão nos seus atendimentos. E mais que isso, deram sentido e propósito a sua vida. Ela logo cedo já descobriu o que queria fazer….e o como fazer, foi se alinhando. Escutando sua história de vida, imagino que não deve ter sido de fato fácil. Ana Cláudia teve que fazer varias descontrações e mudanças ao longo do caminho. Ana Cláudia nos leva a muitas reflexões e, uma delas foi o pensamento que se segue: Penso, que a vida nos dá a oportunidade de irmos nos despedindo aos poucos… Despedir-se não só de amigos que se vão prematuramente, parentes, irmãos, pais, mas também de experiencias, que, com certeza, algumas delas nunca mais se repetirão na nossa jornada. O que passou ficou na lembrança, fez parte, fez história e memória. O que está por vir e o que temos agora é o que importa, e no mínimo, deve ter significado e sentido. Além das inúmeras reflexões que Ana Cláudia Arantes provocou em mim, sobretudo me fez pensar em como gostaria de morrer. Pensar, imaginar e fantasiar é permitido, mesmo sabendo que nem sempre será possível. Dr. Alexandre Kalache muitas vezes em suas apresentações nos provoca e convoca a pensarmos na nossa morte, e pergunta: Você acha que vai morrer de que? Como? E a maioria responde: de câncer, acidente, enfarto … e em que idade?, quando tiver 85 anos e tralála…. Ele também acrescenta outra pergunta: Quem acha que vai morrer numa UTI? Então ele nos coloca o pé no chão. Dizendo: Sinto muito lhes lembrar que, nós, a grande maioria vai morrer numa cama de hospital, e talvez numa UTI com aparelhos ligados. Não quero morrer em casa, talvez me dê uma baita insegurança. Será que vou sentir dor? Vou sofrer? Também não quero morrer numa sala asséptica e fria de um hospital. Dai penso e fantasio. Me permito desejar. Porque não? Quero morrer dormindo. Quero uma morte serena, sem dor alguma, quero estar consciente até o fim de minha vida. E que essa consciência esteja repleta de coisas boas para eu contar, compartilhar com quem quiser me escutar. Quero repartir minhas histórias, alegrias e bênçãos… quero ter disposição para fazer coisas, vontades… Quero morar até morrer perto do mar, numa casa na praia…num lugar tranquilo… ficar sentada na varanda olhando o mar a tarde, tomando sol pela manhã, banhos mornos, boiar olhando o céu, sentir o balanço das ondas do mar. Embora, eu penso, que, se hoje eu morresse gostaria que escrevessem no meu caixão: – essa morreu feliz! Numa certa ocasião contei isso ao meu filho caçula para que ele escrevesse numa faixa a frase acima, e pedi também que fizesse uma festa no dia de minha morte, com muita música alegre – de preferência música celta, dança, fitas coloridas ornando o jardim e toda gente feliz. E que lembrassem de mim com sorriso no rosto e muita alegria. No que ele se vira pra mim e réplica; Que tal fazermos essa grande e bonita festa enquanto você estiver viva? Precisa morrer para celebrar a vida? Após essa conversa levei em consideração seu ponto de vista e não me poupo nem poupo o tempo para uma pequena, média ou grande celebração. Até uma tarde de domingo dedicada a jogatina de buraco pode ser motivo para uma mini festa. E coincidentemente essa postura vem de encontro com o pensamento de Dra. Cláudia Arantes que insiste em celebrarmos a vida sempre e não deixarmos nada para depois. Ana Cláudia pontua em não deixarmos de falar da morte, e com isso não desperdiçar a vida, ou seja nenhum pedaço do tempo, como diria Deleuze aproveitar o infinito de cada instante. Só por essa lembrança e movimentação reflexiva positiva, a leitura do livro de Ana Cláudia já esta sendo um tremendo ganho – um instante mais e melhor vivido. E a partir de então, tudo o que é verdadeiramente para ser celebrado, vai ser bem celebrado, com todas as honras e glórias. E, no momento presente, celebro meu neto; Símbolo de pura alegria. Uma doce paixão, de alma linda, sorriso precioso, transpirando uma energia intensa. Agradeço cada minuto a oportunidade de viver essa experiencia de amor, de ser avó. Segurar esse lindo bebê, acolher seus trejeitos e riso puro, e apreciar o olhar mais encantador do universo a meus olhos de avó. E celebrando o Alex, celebro a vida – e enxergo mais sentido e propósito em tudo que vejo e me cerca. E continuo a desejar uma morte no mínimo serena. Que Kalache não me escute e não me aponte o dedo em vão!


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O Arraial do Ideac vem aí!

Depois do Carnaval à moda antiga do Ideac, que foi um sucesso, agora teremos nossa Festa Junina em parceria com a Faculdade Belas Artes, dia 23 de junho, das 14 às 20 horas, na Vila Mariana. Vai ter quadrilha, doces típicos, quentão, barraquinhas de jogos, comidinhas especiais e muita diversão garantida para avós, filhos, netos e pessoas de qualquer idade que gostem de um ambiente descontraído e do clima das festas juninas.

 


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O mundo corporativo é muito impactado pela faixa etária dos velhos, pessoas com mais de 60 anos. As empresas não estão dando a devida atenção a essa questão, mas isso tem que mudar. É preciso aprender a lidar com essas novas formas de estrutura. No Ideac temos formatos para cursos, palestras, workshops para mostrar novos caminhos par ao envelhecimento.


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Não é estranho falar de velhice para jovens. A longevidade é crescente e esses jovens precisam pensar no tema e cuidar do corpo para envelhecer bem. Além disso, eles vão produzir para os jovens e por isso devem conhecer mais a psicologia do velho e suas características. Confira o vídeo da psicóloga Maria Celia de Abreu, coordenadora do ideac e autora do livro “Velhice, uma nova paisagem”.


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Por Maria Celia de Abreu (coordenadora do IDEAC)

O Cenário

Tarde de domingo, casa aconchegante rodeada de grande área verde, amplo terraço decorado com motivos de Carnaval, músicas de Carnavais antigos tocadas numa altura que permitia que as pessoas se ouvissem mutuamente: cenário singelo, bonito, descontraído e alegre.

Os Preparativos e Os Bastidores

Jorge Julião, o diretor de arte; Cleide, a organizadora; Ivani, a divulgadora, e Maria Celia, naquela função chamada de “pau pra toda obra”; Iracema, a anfitriã: essa foi a turma que planejou, divulgou e viabilizou o nosso Carnaval à Antiga.

Cristina, Neusa, Vinicius, Renato, Fernanda, sr. Ronaldo, Idelma, Ademir aderiram e se desdobraram em atender os participantes… sem deixar de se divertir!

Essa equipe suou a camisa, liberou a criatividade, acatou ideias alheias, se entrosou, se apoiou mutuamente quando batia o nervoso, pesquisou músicas, sugeriu fantasias, fez caipirinhas, meteu-se em qualquer função que fosse necessária, recordou, aprendeu… e deu muita risada!

Os Atores

Três lindas meninas, uma quinzena de adultos jovens e uns cinquenta adultos com mais de 60 anos. (Sem contar mais uma vintena que declarou que teria ido se não tivesse algum impedimento, a maioria por estar viajando). Foi uma procura que excedeu a expectativa dos organizadores.

Inscrição feita, começou a agitação dos participantes: era preciso se informar, tomar decisões, ter iniciativas. Como chegar até o local e que fantasia usar provocaram muitos contatos entre os carnavalescos, estabelecendo uma rede de alegres trocas entre amigos, entre conhecidos que há tempos não se falavam e entre desconhecidos.

Fizemos a sugestão das fantasias, mas não esperávamos que uns 90% dos participantes a adotassem! Estavam de fato empenhados em se divertir! Havia desde um toque, como uma tiara de unicórnio, uma maquiagem caprichada, um manto de príncipe, ou uma máscara, até costumes elaborados, completos. Foram pretexto para conhecidos e estranhos se abordarem com elogios, questionamentos e comentários, sempre bem humorados.   

A Função

Nas conversas, foram trocadas inúmeras rememorações de carnavais dos quais se participou ou se desejou participar, de tempos de infância, da dinâmica de famílias de origem, referências à história da própria vida – relatos saudáveis, feitos com leveza, acompanhados de risos, sem ranço de sofridas nostalgias.

Foi retomada – ou então aprendida ali no momento mesmo – a antiga habilidade de soltar serpentinas, fazendo-as se desenrolarem até o finzinho. Bem como o enfeitar-se mutuamente com confetes.

Os participantes foram exímios em recordar as letras das músicas. Dançando, marcando o ritmo em pé, ou estando sentados, cantaram muito. Sentiam-se tacitamente autorizados a desafinar, trocar palavras, só conseguir repetir o estribilho… sabendo que poderiam se dar ao grande prazer de soltar a voz, porque ninguém estava ali para criticar ou achar defeitos.

Todos os que tiveram vontade de dançar… dançaram! Dentro de seus limites físicos, inventaram coreografias, movimentaram pés, pernas, braços, pescoços, sentindo o ritmo, deixando essa batida dirigir os movimentos do corpo, livre, sem preocupação com críticas, com normas, um incentivando o outro.

Todos que tiveram vontade de participar de brincadeiras… participarem! Trenzinho, dança em roda, aula de “Macarena”, distribuição de troféus, com desfile de fantasias sob aplausos…

Todos que quiseram ou precisaram ficar a maior parte do tempo sentados, observando, conversando, fotografando… até mesmo embevecidos com o próprio celular… ficaram! Sem cobranças…

As quatro horas da sessão da matinée carnavalesca acabaram logo. Ninguém queria ir embora…

O que ficou

O Ideac acha que a velhice não é necessariamente um peso; é uma fase em que se pode aproveitar para resgatar sonhos. Propõe-se a facilitar trocas entre pessoas e promover o crescimento pessoal. Numa palavra, a buscar caminhos para se ter a melhor qualidade de vida possível. Esses caminhos apontam para relações socioafetivas de boa qualidade, descartando a solidão, e para o reconhecimento do valor pessoal, se contrapondo à baixa autoestima. O Ideac também reconhece a riqueza da convivência intergeracional, bem como os benefícios de libertar a criatividade e estimular a memória, sem falar na importância de movimentar o corpo.

Nosso Carnaval à Antiga atendeu a tudo isso – e de quebra valorizou uma tradição tipicamente brasileira.

Ideia para pesquisa

Cada uma das pessoas que ali estiveram tem sua história de vida; como seria interessante poder conhecê-las, sobretudo ouvir qual a relação de cada uma com o Carnaval!

Frases avaliativas

Na impossibilidade de colocar aqui e agora o que nosso Carnaval à Antiga significou para cada um, fica o registro de frases soltas, algumas faladas, algumas postadas nas mídias sociais do Ideac – sem esgotá-las, pois muitas se perderam..Que animação danada de boa!

  • Foi ótimo! Parabéns pela festa
  • Parabéns aos organizadores! Estão dando tudo de si!!
  • Parabéns para todos os foliões e folionas
  • Parabéns pela ideia!!!
  • Parabéns pela bela iniciativa
  • Parabéns!
  • Foi 10!!!
  • Parabéns! A festa de Carnaval à Moda Antiga merece nota: 10!!!
  •  Agradeço a todos e em especial aos organizadores
  • Obrigada pela festa ótima
  • Gente querida! Que delícia de festa!!!
  • Foi um ótimo e divertido encontro
  • Foi o melhor carnaval dos últimos tempos
  • Muito bom. Adorei.
  • Foi o primeiro baile de Carnaval da minha vida, aos 82 anos. Adorei.
  • Foi a primeira vez que me fantasiei
  • Estava todo mundo feliz
  • O astral estava bom
  • As fotos revelam um momento bom
  • Bom dia! Hoje é o Dia da Alegria!
  • Pessoal animado!
  • Que lindo Carnaval!
  • Um clima supergostoso e alegre, gostei muito!!!
  • O clima familiar me levou a reviver as matinês da minha infância no interior…
  • Foi muito bom nosso encontro carnavalesco. Sempre vale a possibilidade do encontro.
  • Adorei as fantasias
  • A nossa festa maravilhosa…
  • Adorei muito
  • Um festão!
  • A festa mais linda com pessoas superlindas e queridas!
  • Foi muito bom
  • Que sucesso!!!
  • Conheci novas amigas e dei muita risada com todas
  • Estar com pessoas de diversas idades é uma experiência deliciosa e rica de emoções!
  • Favor repetir ano que vem!!!
  • No próximo ano estarei com vocês!
  • Há de repetir!
  • Ano que vem tem mais. Para repetir o sucesso.
  • Um ano apenas e já virou tradição!

Nossa opinião

Para a equipe organizadora, o Carnaval à Antiga valeu a pena. (Como somos perfeccionistas, ainda queremos melhorar alguns pontos). Não há dúvida que foi um evento delicioso!


4 Comentários

Qual foi seu melhor presente? (Enquete para quem tem 60 ou mais)

Pensando em como é difícil presentear pessoas maduras com lembranças que vão além do sabonete, da colônia, do pijama, do chinelo, do licorzinho… o IDEAC quer saber qual foi a lembrança que mais lhe agradou neste último Natal. Se foi qualquer um desses objetos também vale, e você pode se lembrar do que mais gostou de ganhar nos últimos Natais também. Se você tem 60 anos ou mais, pode nos contar? Até o final de janeiro?

Se preferir, pode ser uma resposta anônima, mas por favor anote ao final dela o seu sexo (M ou F) e sua idade em anos. Por exemplo: F, 63 e “presente”.

Deixe sua resposta aqui mesmo nos comentários, ou então nos mande por e-mail para: cadastro@ideac.com.br.

Depois compartilharemos os resultados nas nossas redes sociais, aguarde!

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Em 2018, fique ao nosso lado. Nossa programação será incrível

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A maturidade saudável é um tempo para refletir sobre temas atuais, para trocar ideias e experiências, para encontrar pessoas que valem a pena. Tudo isso você encontra nas atividades do Ideac, que tem uma ótima programação para 2018. Além do grupo aberto de estudos sobre questões de envelhecimento, teremos encontros especiais sobre temas como Meditação, Espiritualidade, Memória e Criatividade, Cinema, Dança e Fortalecimento do Assoalho Pélvico, entre outros. Em breve teremos toda programação em nosso site e redes sociais.

Queremos você ano nosso lado em 2018.


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foto Jader Andrade

A psicóloga Maria Celia de Abreu, coordenadora do Ideac e autora do livro “Velhice, uma nova paisagem”, geralmente é abordada por pessoas durante suas palestras que relatam a tristeza na velhice com a perda de pessoas queridas ou situações que ficaram para trás.

Para evitar a tristeza, Maria Celia propõe: “Em vez de pensar em perda, por que não focalizar a atenção na transformação? Parece que nossa cultura nos educa mais para aprovar a rigidez do que para aceitar a transformação… e nossos medos do novo e do desconhecido são maiores do que nossa capacidade de ser flexível. Estou falando de um momento em que muitas famílias precisam encarar um formato novo que chega com a passagem dos anos”.

É aí que a capacidade de adaptação a situações novas e a flexibilidade, são postas à prova. É bom saber que este é um importante fator da saúde mental, em oposição à rigidez, e também que não é um dom recebido de graça: é uma característica a ser buscada, cultivada, batalhada. E Maria Celia recomenda: “Claro que em toda mudança há perdas. É preciso reconhecê-las, para se ter uma boa relação com a realidade. Porém, em vez de ficar lamentando e enfatizando as perdas, pode-se aproveitar para rever alguns valores da família e para crescer. Não é fácil aceitar que cada um sonha e constrói a sua trajetória de vida; não cabe a ninguém impor a outro seus próprios sonhos. Essa é uma das formas de manifestarmos prepotência, sem dar espaço ao tão difícil respeito pelo outro. A família tem de encontrar outros caminhos para manifestar esse amor: uma oportunidade de se renovar sem perder a qualidade.”

Resgatar o passado com alegria

A psicóloga propõe uma atividade gostosa que pode ser realizada quando as pessoas de uma família se reúnem: narrar episódios que marcaram aquelas vidas. Com as imposições da cultura atual, em que todos os adultos trabalham fora de casa, crianças e adultos correm para lá e pra cá a semana inteira, e o lazer é feito diante da televisão ligada, situação pouco propícia a se bater papo e jogar conversa fora, as histórias de vida dos membros da família são pouco compartilhadas e até mesmo ficam guardadas só para aquele (ou aqueles poucos) que a vivenciou.

Maria Celia diz que isso é uma pena, porque conhecer e dividir essas histórias tem um significado muito importante, tanto para cada indivíduo, como para dar uma determinada “cara” àquele grupo familiar, criando-se um verdadeiro “folclore” familiar. Os mais velhos se sentem valorizados; confirmam, em seu íntimo, que cumpriram sua missão enquanto adultos jovens; ocupam o espaço simbólico a que têm direito dentro daquele grupo familiar.

Os mais jovens percebem os mais velhos com todo o seu valor, o que é dado por uma visão em perspectiva, uma visão histórica daquela determinada trajetória de vida, muito mais do que a partir de uma “fotografia” de como aquela pessoa é hoje. Os mais jovens também ficam assegurados de que “fazem parte”; conhecer suas raízes dá uma inestimável sensação de segurança e a percepção de que lhes cabe uma missão de continuidade no todo da trajetória do universo. Quando episódios do passado são ventilados e compreendidos, abre-se a possibilidade de vê-los sob novos ângulos; se os fatos não podem ser modificados, a interpretação que se dá a eles pode. “Desse modo, eventos esquecidos são devidamente revalorizados, a importância de outros é minimizada, perdas sofridas podem passar a ser melhor aceitas, pessoas que causaram mágoas podem ser compreendidas e até perdoadas. São experiências muito positivas para a saúde emocional, para o crescimento interior, e para um alargamento de horizontes. E não se esqueçam, a vida é feita de novas paisagens a cada dia. Aproveite o presente!”


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Texto da psicóloga Sonia Fuentes, professora do Ideac de Memória, Cognição e Criatividade.  Ficou entre os finalistas da sétima edição do Prêmio Longevidade Histórias de Vida Bradesco. Parabéns Sonia!

60 SOBRE DUAS RODAS

Minha primeira experiência com uma bicicleta, foi quando eu tinha pouco mais de 8 anos. Meu irmão jeitosamente construiu uma pequena bicicleta com pedaços de outras bicicletas compradas de um ferro velho. Um menino criativo era meu irmão. A bicicleta não tinha freios mas os pneus deslizavam sem problema pelo espaço do quintal. Eu mal alcançava os pedais, mas me divertia muito tentando me equilibrar. Quando pensava em parar pendia a bicicleta para o lado e com o auxilio dos pés, a brecava. E entre acertos, tombos e erros aprendi sozinha a pedalar…e desde então nunca mais parei.

Muitos anos se passaram… e eu nem imaginava, que, 52 anos depois, eu estaria sobre duas rodas cruzando o norte da península Ibérica rumo a Santiago de Compostela.

Celebrar o aniversario de 60 anos pedalando, era o sonho meu e de meu marido, quando, anos antes conhecemos trilhas incríveis do famoso caminho português.

Dessa vez, o sonho era percorrer os quase 900km do caminho Frances – desde Saint Jean Pied Du Port (na França) a Compostela.

Imersos em muitos preparativos – alongamentos diários, pilates, pedaladas longas, leituras, boa alimentação, exames médicos e treinos nos ocupamos por uns bons meses afim de garantir uma tranquilidade futura. Alguns amigos e parentes estranhavam: “Estão doidos”!!! “Vão com grupo de apoio?” e vez ou outra, até nós duvidávamos se estávamos fazendo a coisa certa ou não.

Felizmente, não desistimos e encaremos nossas incertezas atravessando a esplendorosa Espanha em pouco mais de duas semanas. Nunca uma viagem nutriu tanto a nossa alma.

O primeiro desafio era conseguir cruzar os Pirineus e encarar suas subidas íngremes – uma região repleta de surpresas e perigos: ventos fortes, altitude elevada, chuvas e neve fora de hora, e temperaturas inesperadas. Alguns peregrinos perderam suas vidas nocauteados pela natureza, assim escreviam. Mas hoje posso dizer que estamos bem amparados por tanto desenvolvimento tecnológico:   wifi na montanha, assim como uma cabana para se esconder do mau tempo. No nosso caso, o problema foi excesso de bom tempo. Um sol escandaloso nos brindou nos Pirineus. Descer da bicicleta e empurrá-la foi um convite e um presente para apreciar a exuberância da natureza. As montanhas nos receberam com um grande abraço. O cheiro dos pinheiros e faias, o contraste das cores das folhagens faziam vibrar e acordar todos nossos sentidos. Observar os caracóis deslizarem calmamente por entre os musgos rente ao asfalto, foi um brinde ao tempo presente. Sem dúvida, o desafio mais delicioso do mundo. Vencido os Pirineus, tudo era possível. Ninguém, nem nada poderia nos deter nos próximos 860km.

Energizados, cheios de coragem e envolvidos com o entusiasmo dos peregrinos e bicigrinos entramos no país Basco – visitamos as cidades medievais com seus castelos e pontes, atravessamos a região das vinícolas da região de Rioja, os caminhos dos verdes vinhedos e trilhas de bosques encantados. Adentramos campos de trigo dourados de uma Toscana espanhola. Pedalamos lado a lado de aquedutos romanos em dias quentes vislumbrando o movimento da água refrescante. Nos entretemos com o  exercício diário de buscar e seguir as setas amarelas, que acabou se tornando um vício. Um vício bom que nos conduzia a mais um lugarejo novo, a mais uma nova e inesperada cidade.

E, assim, as cidades iam aparecendo conforme pedalávamos: Astorga, Estella, Logrono, Domingo de La Calzada, Burgos, Fromista, Sahgun, Leon, Ponferrada, Villafranca Del Bierzo, Sarria. Cada qual com sua beleza e particularidade iam nos encantando.

O sossego e a segurança entravam pelas veias. Uma paz sem precedentes parecia dominar o caminho. De repente, nada parecia importar. Dormir, acordar, se trocar, comer umas frutas e pedalar era suficiente, era o alimento. O vento no rosto, os cheiros de flores e plantas, os sons dos galos, pássaros e das quedas d’água e rios, a beleza dos diferentes cenários, ora repleto de cerejeiras, pereiras, macieiras, coelhos e veados, inundava-nos de prazer. Estávamos tão alienados e desprendidos que num só dia esquecemos o celular numa paragem e a carteira em outra. Recuperamos tudo, mas nos fez ver o quanto desconectados estávamos e o quanto isso nos fazia bem.

Perto do fim, na região prodígia do Cebreiro, meu marido fala: “ Que pena! Esta terminando! Não queria que acabasse”. E o universo conspirou a seu favor – depois de encarar e subir o Cebreiro com seus 1.430 metros de desnível, felizes e vitoriosos, porém distraídos, pegamos o caminho errado. Descemos 5 km por entre vales verdejantes – descíamos sem pressa até que um fazendeiro nos acena gritando: “ Não é por aqui, estão no caminho errado.” Tínhamos que subir mais 5km.

O sol do meio dia esquentava nosso corpo e sedentos por água que já não existia nos cantis, combinamos que voltaríamos com muita calma. O silencio absoluto das montanhas anunciava ausência de moradores e vilas por perto. Encaramos mais subidas íngremes de um dia que não queria terminar tal qual o desejo dele, que conspirou para o universo e este obedeceu.

Sabíamos que nem tudo seria regado a jámon e sangria, e que o imponderável deixaria uma hora ou outra, sua marca. Qual a probabilidade de você deixar seus óculos de sol cair na privada do banheiro nas paradas? Nós dois conseguimos a proeza na mesma semana. E de bater na traseira da bicicleta de um amigo no percurso de nada menos do que 900 km de extensão? Quase nula! Mas, conseguimos. E, qual a chance de adquirir uma alergia imersa a tanto ar puro do campo e das montanhas após pedalar meses a fio na ciclo faixa malcheirosa da marginal Pinheiros? Zero! O improvável bateu a porta e me fez espirrar quase todo o percurso. Mas isso não é problema, como dizia minha ex terapeuta, não cultive maus pensamentos, não abra espaço para coisas negativas – deixa fluir, passar e procure entender o porque das coisas acontecerem.

E o acontecimento mais legal foi conseguir a insólita proeza de descer mais de quinze quilômetros as montanhas da serra da região de Ponferrada! Não havia alma viva para testemunhar nosso orgasmo de alegria e prazer por poder voar praticamente naquele asfalto rente ao céu.

Amigos queridos e novos fizemos no caminho, idosos serenos desfilavam sem cerimônia seus mais de 87 , 80, 70, 75 anos, ensinando-nos que a idade não é impeditivo para quem se cuida e tem saúde.

Surpresas, alegrias, desafios, nos abençoaram, mas a maior lição foi experimentar a superação, pois, a idade, a velhice não pode comprometer nem interromper nossos sonhos, nós podemos ser o sonho, a materialização de nossos desejos.

Em algumas situações não temos o controle absoluto e sabemos que uma hora teremos de parar, mas em compensação em muitas outras, descobrimos o quão fortes e determinados podemos ser, e que há sempre tempo para viver com mais alegria, entusiasmo e coragem.

Alguém disse, que Santiago de Compostela não é o ponto final, mas sim o início.

E para nós foi o inicio. O início de outros sonhos e muitas outras aventuras sobre duas rodas que, certamente estão por vir.